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25/07/2009

Os 3 da vida airada




A 1ª noite é sempre a mais difícil...

É-se inesperadamente retirado da rua, onde se nasceu ou se teve que aprender a sobreviver; e, de uma forma assaz brusca, permanece-se confinado durante 8 a 9 dias numa jaula, sem a luz do sol, sem a terra onde se espraiar, por vezes sem comida ou água sequer, ouvindo outros miados e latidos persistentes de sofrimento...
E o choque é demasiado violento para que, mesmo um animal, passe incólume.

Na melhor das hipóteses, se tudo correr bem, depois chega-se ali ou a um outro local. Outros não têm tanta sorte...

E a 1ª noite é sempre a mais difícil...

Depois de todos os exames médicos e de se ter que passar mais algum tempo fechado dentro de uma transportadora, toda uma panóplia de novos cheiros, cores e texturas se apresentam... Olha-se a toda a volta, com muita atenção, e não se reconhece onde se está: não é a rua, nem tão pouco o cárcere... mas, pelo menos, o ambiente parece mais tranquilo do que o tumulto vivido nos últimos dias.
E acaba por se cheirar docemente o ar à volta, fechando os olhos como que deliciados e encostando-se àquela janela quentinha... Esperando recuperar uma nova vida.

Se ao menos os animais pudessem falar...


“Nenhum dos argumentos que provam a superioridade do homem consegue esconder este facto terrível: no sofrimento, os animais são nossos iguais.”

P. Singer







Fotografias de Cecília Carril


Apesar do estado débil em que se encontra, o gatinho amarelo e branco já idoso tem demonstrado uma força de viver e meiguice extraordinárias, sobretudo para um animal que passou pelas piores vicissitudes.
Estava esfomeado e desidratado, completamente esquelético. Continua a fazer tratamento de pomada cicatrizante para as feridas que tem nas orelhas (e, brevemente, irá fazer uma biópsia, para se verificar se tratam de carcinomas) e para a coriza agravada (que lhe feriu já parte de um dos olhos).
Nesta primeira noite, escolheu logo o seu local predilecto, dentro de uma transportadora tamanho XXL, que lhe tem servido de cama, com vista ampla sobre uma janela.





Fotografia de Cecília Carril


Mini, a gatinha bebé, que se viu separada da sua mãe e 2 irmãos, aquando da captura pelo Canil/Gatil Municipal de Lisboa, encontrou, durante a clausura, amparo na jovem gata preta e branca (que fora recentemente mãe e também perdera os seus filhotes).
Passaram a sua primeira noite aninhadas uma na outra (naquela estranha posição que os felinos assumem quando se encontram aprisionados), quase se sufocando mutuamente, como se se tentassem proteger procurando calor uma na outra.
Apesar de muito magra e desidratada, Mini já come muito bem e passou largos minutos a olhar pela janela para a rua, miando de quando em vez.




Fotografia de Cecília Carril


Luna, a jovem gata preta e branca, ainda não refeita de todo o susto pelo qual passou, ainda nos bufa bastante se nos tentamos aproximar.
Também já comeu, mas encontra-se com uma diarreia acentuada, derivado do local onde esteve nestes últimos 8 dias. Já se encontra a fazer tratamento.







Fotografia 1 de Alexandra Carvalho / Fotografia 2 e 3 de Cecília Carril
Arte final de Alexandra Carvalho


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3 comentários:

Rodrigues disse...

As melhoras dos três! O que sucedeu à mãe e aos irmãos da Mini?

le monde de zuza disse...

estou tão feliz por eles se encontrarem agora bem, mas coitados destes bichanos, tanto sofrimento & pavor ainda nos olhinhos ... boa noite bichanos

Cecilia disse...

Rodrigues, a mãe e os dois irmãos da Mini continuam na colónia que ajudamos a proteger.
Brevemente tencionamos esterilizá-la.